Com Cigarro e Sem Cigarro

Meu remédio gera contrações musculares. A dor é terrível. Fumo quase duas carteiras de cigarro por dia agora na pandemia. Passei, há alguns anos, a fumar um cigarro fraco. Fumantes sabem que a diferença é grande. Se fumasse Marlboro vermelho nesta quantidade não conseguiria correr nem fazer nada. Mas fumo Kent azul, que é muito mais fraco. Quando fumo um Marlboro Gold, que é um Marlboro fraco, já sinto que é muito mais forte que o meu cigarro.
Antes não sabia que as contrações do remédio vinham do remédio, achava que havia algo errado comigo. Eu tentava não ser esquizofrênico, e por tanto continha as contrações, não queria ser estranho porque tinha de ser normal para não ser esquizofrênico. Contendo as contrações eu entrava em crise. Desde que me lembro tento parar de fumar. Escrevi o meu livro tentando parar de fumar. Eu fumava um cigarro por hora, e isso já diminuía a quantidade. Depois passei a fumar a cada duas horas. E acabei desistindo de parar. No momento em que desisti de parar fui lá e escrevi um ótimo final para o livro. Há algum tempo que fiz as pazes com o cigarro. Já decidi não parar mais há algum tempo. E vivo meus dias com alegria e energia. Sem cigarro a dor das contrações se torna insuportável e a qualidade dos meus dias se torna muito baixa. Se tento parar de fumar a dor se torna tão grande que tudo o que passo a fazer a cada segundo é suporta-la. Quero alegria, felicidade, energia, relaxamento, prazer, respiração suave, atenção, presença de espírito. Sem cigarro tenho dor e tudo isso fica encoberto por ela. Por tanto continuarei a fumar, meus dias continuarão maravilhosos e a minha alegria de viver continuará tão extensa quanto os limites inexistentes do universo.

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