A Arte de Servir Cafezinho

Um dia fui servir cafezinho para os meus pais, e quando estava esperando a maquina fazer o cafezinho, me lembrei de prestar atenção ao momento, algo que pratico a algum tempo, e com afinco. Quando estava levando o cafezinho para eles, percebi acontecendo o servir a outros. Já fazia muito tempo que eu pensava sobre o que significa servir, sobre o que significa prestar serviço a outros. Mas voltando ao momento, no momento que estava servindo cafezinho para os meus pais, senti uma maravilhosa calma. Foi como se uma parte de mim me deixasse, esqueci as minhas preocupações e aconteceu de eu ficar por completo na ação. Isso durou algum tempo dentro de mim. Comecei a fazer isso sempre, e nas vezes seguintes passei o café ao invés de prepará-lo na máquina de expresso. O prazer de passar o café para eles foi enorme, e tudo aconteceu de novo: a ausência do eu, a calma, o aqui e agora, o esquecimento dos meus problemas… Comecei a passar e servir cafezinho para quem estivesse aqui em casa, para a minha irmã, minha noiva, minha enteada. E continuou sendo maravilhoso, no entanto, com o passar do tempo, assim como com várias coisas que pratico, eu parei de perceber o efeito. Então um dia estava preparando para a minha noiva e no meu interior disse: “estou fazendo isso para a minha noiva.” Quando disse isto, o efeito ficou mais forte e, assim, mais perceptivo. Então sempre que me lembro, quando estou passando cafezinho para alguém, dedico tal ação às pessoas para quem estou fazendo. Deste modo eu sumo, mas, paradoxalmente, a minha parte mais essencial ainda esta lá. Na minha mente fica um vazio, embora a partir desta ainda possa ver a min mesmo. Não como um eu, mas como um espírito, que recebeu a dádiva de poder vir para esta vida.